quarta-feira, 24 de junho de 2009

Fernão Capelo Gaivota

Há tempos atrás li um livro diferente, indicado pela minha mãe. Ela indicou esse livro a meu pai antes de eles se casarem e me indicou, também, quando tinha uns 12 anos (como isso faz tempo!). Nunca dei bola para ele, por isso nunca o li. Bom, chega uma momento na vida de um homem que ele acaba fazendo o que realmente tem de fazer. Enfim, acabei lendo o livro (quase 10 anos depois...).

Resultado: nunca li um livro que tratasse a vida humana (por meio da metáfora da gaivota) da forma como Richard Bach tratou. Foi uma experiência engrandecedora, da qual nunca me esquecerei. Agradeço minha mãe por ela.

Contudo, inclusive ela, apenas alcançou a completa interpretação desse livro quando eu o li. Explico: eu vi pontos obscuros do livro que ela havia deixado passar e, juntos, chegamos a essência da moral da história: não importa o quão alto você voe sozinho, o que importa mesmo é que quando você voar alto que você esteja junto daqueles que ama (junto do seu bando, do seu clã, como diz o livro).

Ah! Detalhe: meu pai leu o livro enquanto ainda namorava minha mãe, mas não entendeu o tom filosófico usado para comparar a gaivota ao ser humano. Resultado: os dois se casaram e estão juntos até hoje. Hahaha.

Sinopse

Uma gaivota de nome Fernão, decide que voar não deve ser apenas uma forma para a ave se movimentar. A história desenrola-se sobre o fascínio de Fernão pelas acrobacias que pode modificar e em como isso transtorna o grupo de gaivotas do seu clã. É uma história sobre liberdade, aprendizagem e amor.

Parte I
A primeira parte do livro mostra o jovem Fernão Capelo Gaivota frustrado com o materialismo e o significado da conformidade e da limitação da vida de gaivota. Ele é tomado pela paixão pelos voos de todos os tipos, e sua alma decola como os seus experimentos e emocionantes triunfos de ousadia e feitos aéreos. Eventualmente, a sua falta de conformismo à limitada vida de gaivota leva-o a entrar em conflito com o seu bando, e os mesmo se viram contra ele. Ele torna-se um maldito. Não por isso, Fernão continua seus esforços para atingir objetivos e voos mais altos, muitas vezes bem sucedidos, mas eventualmente sem conseguir tanto quanto desejaria. Ele é, em seguida, encontrado por duas radiantes gaivotas que explicam-lhe que ele já aprendeu muito, e que agora elas estão lá para ensinar-lhe mais. Ele então passa a segui-las.

Parte II
Na segunda parte do livro, Fernão transcende a uma outra sociedade onde todas as gaivotas desfrutam da paixão pelo voo. Ele só é capaz de praticar essa habilidade após duras horas de muito treino de voo. Nesta outra sociedade, o respeito real surge em contradição com a força coercitiva que estava mantendo o antigo bando junto. O processo de aprendizagem, que liga os professores altamente experientes aos alunos dedicados, é aumentado a quase um nível sagrado, sugerindo que esta pode ser a verdadeira relação entre o homem e Deus. O autor considera que certamente o humano e Deus, independentemente de todas as enormes diferenças, estão compartilhando algo de grande importância que podem vincular-los juntos: "Você tem de compreender que uma gaivota é uma ilimitada idéia de liberdade, uma imagem da Grande Gaivota". Ela sabe que você tem que ser fiel a si mesmo.

Parte III
A introdução à terceira parte do livro é composta pelas últimas palavras da professora de Fernão: "continuar trabalhando para amar". Nesta parte Fernão entende que o espírito não pode ser verdadeiramente livre sem a capacidade de perdoar, e o caminho do progresso passa pela capacidade de tornar-se um professor - e não somente pelo do trabalho árduo como um aluno. Fernão volta para o antigo bando para compartilhar suas idéias e as suas descobertas recentes e sua grande experiência, pronto para a difícil luta contra as atuais normas da referida sociedade. A capacidade de perdoar parece ser uma obrigatoriedade para a condição de passagem.

"Vocês querem voar tão alto a ponto de perdoar o bando, e aprender, e voltar a eles um dia e trabalhar para ajudá-los a se conhecer?" Fernão pergunta aos seus primeiros estudantes antes de iniciar as conversações. A idéia de que os mais fortes podem atingir mais por deixar para trás os mais fracos amigos parece totalmente rejeitada.

Daí, o amor e o perdão merecem respeito e parecem ser igualmente importantes para libertar-se da pressão de obedecer às regras apenas porque são comumente aceitas.

Fernão Capelo Gaivota é um romance de Richard Bach, publicado em 1970 e transformado em filme pelo então Diretor Hall Bartlett.

Fica a dica para quem ainda não leu o livro ou assistiu ao filme.

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