É impressionante como estamos numa fase de mortes trágicas de famosos. Semana passada duas celebridades foram ceifadas do nosso mundo: uma delas foi o nosso Rei do Pop, Michael Jackson, a outra foi Farrah Fawcett, uma das três panteras do seriado "As Panteras" e símbolo de beleza e sedução nos anos 70.Aí está uma bonita e ao mesmo tempo triste história de amor e de vida que merece ser lembrada. Prova de que não devemos jamais fraquejar diante das circunstâncias que a vida nos impõe.
Na quinta-feira (25), o ator Ryan O’Neal, companheiro de Farrah Fawcett por 17 anos, encerrou assim sua história de amor com um dos maiores símbolos da beleza americana: "Farrah Fawcett se foi". Nos anos 1970, o mundo se rendeu aos encantos da detetive Jill Munroe. Das três panteras, Farrah Fawcett era a mais sedutora. As mulheres queriam um penteado como o dela – e o corpo também.No auge da fama, em 1981, Farrah Fawcett participou de uma campanha de alerta sobre o câncer. Vinte e cinco anos depois, aconteceu com ela. "Três palavras que nunca pensei ouvir: maligno, tumor, anal", revelou.
Em setembro de 2006, Farrah Fawcett foi diagnosticada com um tumor maligno no ânus. Fez radio e quimioterapia, mas oito meses depois o câncer voltou. Chamada para uma reunião com os médicos, a atriz levou uma câmera e ouviu o pior: o câncer já tinha se espalhado e havia nove tumores no fígado.Farrah Fawcett resolveu registrar todo seu tratamento. Era um diário íntimo de sua guerra particular.
No hospital da Universidade da Califórnia, onde vinha se tratando, Farrah Fawcett ouviu dos médicos que a única saída era a retirada da região onde a doença começou.A atriz decidiu buscar um tratamento alternativo na Alemanha. A melhor amiga, Alana Stewart, a partir dali assumiria as filmagens. Ryan, pai de Redmond, o único filho de Farrah Fawcett, não a deixou nunca mais."Farrah me ensinou a viver", declarou. Ryan O'Neal viu vida real e ficção se misturarem em uma sequência de tristes coincidências.
Em 1970, o ator foi protagonista de um dos mais tristes e famosos filmes de amor: "Love story". É a história de um casal de estudantes que, no auge da felicidade, descobre que a mocinha tem leucemia.Ryan estava separado de Farrah quando descobriu, em 2001, que ele próprio estava com leucemia. A doença fez com que a atriz se reaproximasse dele. Agora que ele estava bem, foi a vez de Ryan cuidar da ex-mulher.Na Alemanha, Farrah ouviu que havia uma chance para ela. "Eu me senti no céu. Vai ficar tudo bem", disse o ator, otimista. A atriz então aceitou ser operada por um dos únicos cirurgiões do mundo dispostos a encarar a arriscada remoção do tumor anal.
Mais do que competente, o médico impressionou Farrah Fawcett por seu incrível bom humor.Dias depois, Farrah ouviu que a cirurgia tinha sido um sucesso. Foram dias de muito alívio e felicidade. O filho de Farrah foi visitá-la. Agora a atriz estava pronta para a etapa mais dolorosa de seu tratamento.Em Frankfurt, Farrah se submeteu a uma quimioterapia especial: mais forte e injetada diretamente em seu fígado. O medico ainda interrompeu o fluxo sanguíneo na região afetada para impedir que nutrientes continuassem a alimentar os tumores. "Vamos manter contato. Vejo você para o próximo tratamento", anunciou o médico.Farrah Fawcett voltou para casa e continuou seu tratamento em Los Angeles. Aproveitava cada momento de sua vida.
As ex-panteras Jackyn Smith e Kate Jackson nunca mais saíram de perto da amiga. Como as duas também haviam superado um câncer de mama, Kate e Jacklyn admiraram ainda mais a força e o otimismo de Farrah."Ela nunca desistiu", afirma Kate Jackson.Mas a quimioterapia era intensa, e a mídia sensacionalista avançou na atriz. Quanto mais debilitada Farrah fosse flagrada, mais valia a foto. A atriz dizia que os tablóides eram tão malignos quanto o câncer. "Inventam histórias e sentimentos que eu nunca tive", criticava.
Quando os tumores voltaram a crescer, Farrah Fawcett guardou segredo. "Eu não contei para ninguém. Se a noticia saísse, estava vazando de dentro do hospital", contou.Uma investigação jornalística apurou que uma funcionária do hospital da Universidade da Califórnia acessava os arquivos de Farrah Fawcett e vendia as informações para uma revista de fofocas. Mesmo doente, a atriz processou todos os envolvidos.O escândalo fez com que os hospitais americanos aumentassem a segurança em torno das fichas de seus pacientes. O vazamento de informações passou a ser crime na Califórnia.
A revista processada deixou Farrah Fawcett finalmente em paz, mas o câncer não."Quando um dia você acordar e vir que eu já não estou mais aqui, saiba que eu estarei com você sempre. Me sinto como um cão que foi muitas vezes ao veterinário e começa a tremer", anunciou.As viagens para a Alemanha, onde a atriz fazia seu doloroso tratamento, ficaram mais frequentes. Mas os tumores voltavam a surgir nos mesmos lugares. Farrah Fawcett chegou a se oferecer como cobaia para novos medicamentos. O ex-marido Ryan O'Neal estava sempre a seu lado.Só depois de dois anos de tratamento, o médico de Farrah Fawcett optou por remédios que faziam o cabelo cair. Mesmo depois de raspar a cabeça, a atriz ainda conseguiu brincar. "Você não se contentou enquanto não ficou com meu cabelo", disse.A princípio, Farrah Fawcett não queria mostrar como estava, mas mudou de ideia e comemorava cada dia de sobrevida. "Só isso já é uma vitória", ressaltava.
Em maio deste ano, Farrah Fawcett já não saía mais da cama. Vivia sedada para não sentir dor. Não chegou a saber que seu filho Redmond, de 24 anos, estava preso depois do terceiro flagrante por porte de drogas. Ryan, o pai, havia sido detido pelo mesmo motivo, mas foi solto logo depois.
A pedido do médico de Farrah Fawcett, Redmond foi liberado pelo juiz para ver a mãe. Estava com as pernas algemadas. "Perguntei se ela estava com dor, e ela disse: 'Eu te amo'", contou Redmond.Foi a última vez em que o filho viu a mãe. No leito de morte, Ryan chegou a pedir a ex-mulher em casamento mais uma vez. Farrah Fawcett concordou, mas não conseguiu dizer sim.
Linda e comovente história de amor.
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